Crítica | Midsommar - O Mal Não Espera a Noite
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📷 Merie Weismiller Wallace / A24 |
Longa-metragem distribuído pela Paris Filmes reafirma o nome de Ari Aster como expoente do terror
Em 2018, chegava aos cinemas o
filme Hereditário, dirigido pelo novato Ari Aster. O longa chamou a
atenção de todos ao apresentar uma trama instigante e uma nova forma de
conceber filmes do gênero. Apesar de não ter conseguido uma bilheteria tão
expressiva, o projeto fez barulho e deixou o público atento ao
diretor.
Agora, Aster está de volta
com o seu mais novo projeto: Midsommar - O Mal Não Espera a Noite,
distribuído pela Paris Filmes, e com estréia marcada para a esta quinta-feira
(19/09). O filme se desenrola pela ótica de Dani (Florence Pugh), que enfrenta uma
tragédia pessoal, e embarca com o namorado Christian (Jack Reynor), e os amigos
dele, em uma viagem até a Suécia, para participar de um festival local de
verão.
O início do filme investe em
um tom mais dramático, com a apresentação da protagonista Dani, e os seus
problemas pessoais, aos quais o espectador é exposto sem rodeios. Dani divide o
protagonismo com o silêncio neste começo, que é brutalmente rompido com uma
tragédia familiar que deixa a garota completamente inconsolável. A dor da
personagem é quase palpável neste momento, e é quase impossível não se sentir
tocado de alguma forma. O silêncio aí já não existe, e enquanto os créditos
iniciais aparecem na tela, a música forte e de personalidade que se ouve indica
que o filme será permeado por uma trilha sonora marcante, fato que se
confirmará ao longo das quase duas horas e trinta minutos de duração.
Passado o choque inicial,
observa-se uma Dani em luto profundo, lutando para se recompor em uma jornada
pessoal que divide espaço com o relacionamento frágil e desgastado que ela
mantém com o namorado, o que claramente pincela na trama questões como
relacionamentos abusivos e dependência emocional. E é em meio a isso que a
personagem é inclusa nos planos de seu namorado para viajar com ele e seus
amigos até a Suécia.
A estética do filme muda
completamente a partir daí. Como que tentando contrastar com a escuridão que
está dentro de Dani, a chegada à Suécia é ensolarada e cheia de vida. A
fotografia clara e repleta de cores fortes está ali para encantar o espectador,
com a natureza em todo o seu esplendor, e a gentil hospitalidade dos moradores
da comunidade daquele local.
Porém, a plateia está lidando com o
“cara” que realizou Hereditário, e isso vai ficando cada vez mais nítido,
literalmente falando. Toda a paz e sensação de conforto, vão sendo calmamente
violadas diante dos olhares do público. Rituais que pareciam inofensivos vão se
tornando cada vez mais estranhos e agressivos, e o modo como o sombrio vai
tomando conta da trama sem precisar recorrer à escuridão e à mudança na
fotografia são sem dúvida um grande acerto. O perigo se torna real, ao passo
que muito sangue e corpos desfigurados vão se encaixando no roteiro cada vez
mais perturbador. Tudo isso em meio à muita luz e claridade, além das belas
paisagens.
Parece que a intenção de Ari
Aster, em determinados momentos, é chocar e causar desconforto, sem medo de
recorrer à violência gráfica e ao bizarro. Sustos fáceis não existem aqui (ainda
bem!). Em certas cenas, o bizarro flerta com o cômico, e não se espante se acabar
dando algumas risadas em meio à loucura crescente de um roteiro que consegue se
manter interessante e despertar curiosidade.
Quando tudo finalmente acaba, é
preciso um tempo para se recompor e tentar digerir tudo o que se viu. O prato
principal de Midsommar - O Mal Não Espera a Noite inclui perturbação e constrangimento, porém tudo
devidamente amarrado para entregar uma experiência única, resultante de um
estilo diferenciado de se fazer filmes de terror, que alegra ao abandonar
os clichês tão sofríveis que os fãs estão cansados de ver.
Bravo, Ari Aster! Que venha o
seu terceiro filme!
Assista ao trailer:
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